Células - Parte 3

2     PEQUENOS GRUPOS, É BÍBLICO?


 Células - Parte 1    Comente sobre sua experiência com pequenos grupos e ajude pessoas.

Quando estudamos as escrituras sagradas não é raro encontrar o povo escolhido sendo separado em pequenos grupos. Em Êxodo 18, quando Moisés estava no deserto, logo após atravessar o Mar Vermelho, Jetro, seu sogro, veio ao seu encontro, e o que este sacerdote de Midiã vê, chama sua atenção; todas as decisões do acampamento dos hebreus eram tomadas por Moisés. Então o sogro lhe diz: “O que é isso que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, [...] desde a manhã até a tarde? Após as explicações de Moisés, Jetro sentenciou: “[...] Não é bom o que fazes.” E logo aconselhou o genro: “[...] E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez;”.
Moisés, segundo Josefo (2016, p.140), foi um dos homens mais sábios de sua época e mesmo com todo o conhecimento adquirido no Egito, pois “[...] a princesa fê-lo educar com grande desvelo”, resolveu dar ouvidos ao sogro, um homem simples que passara a vida cuidando de ovelhas. Esse padrão de liderança descentralizada acompanhou os hebreus por séculos, até Jesus citou a atuação dos juízes no sermão da montanha (Mateus 5.25), dentre muitas outras passagens. A divisão do povo em pequenos grupos não foi sugerida pensando em Moisés, mas nas pessoas: “O que é isso que tu fazes ao povo?”, perguntou Jetro, dizendo ao genro que a centralização de poder tem o potencial de matar as pessoas.

Números 35 registra a divisão da terra prometida entre as tribos de Israel -Rúben, Gade, Judá, Simeão, Benjamim, Dã, Manassés, Efraim, Zebulom, Issacar, Aser, Naftali - os filhos de Levi, aqueles que eram separados para o serviço do Senhor, não receberam terras, mas foram habitar, em pequenos grupos, na possessão de seus irmãos. Disse o Senhor a Moisés: “[...] Dá ordem aos filhos de Israel que, da herança da sua possessão, deem cidades aos levitas, em que habitem;” Números 35.2. Deus não queria os levitas reunidos todos em um mesmo lugar, mas entre o povo.
Neemias, quando retornou a Jerusalém para edificar o muro, dividiu a enorme tarefa em várias tarefas pequenas, possibilitando que várias famílias e pequenos grupos o ajudassem, concluindo a obra em tempo recorde, no capítulo 3 do livro, cada versículo relata uma tarefa, que um grupo diferente, realizou. Sobre a divisão de tarefas na igreja o pastor Stockstill (2000), diz: “[...] Essa é a vantagem da distribuição de responsabilidades. Cada um fica incumbido de uma pequena parte de um trabalho complexo e a carga é dividida entre todos”.
O sábio rei Salomão também dividiu o serviço entre as tribos, delegando tarefas e dividindo responsabilidades, garantindo que cada tribo abastecesse Jerusalém fartamente (1 Reis 4.7).
Cada uma trabalhava duro durante um mês e daí podia descansar nos outros onze. Com essa rotatividade, o serviço na Casa de Deus se tornava agradável e gratificante. Nossa igreja já adota esse tipo de “rotatividade” para os grupos. (STOCKSTILL, 2000, p.52).
O próprio Jesus Cristo trabalhou com uma equipe pequena (Mateus 10), composta por doze pessoas. Segundo Carvalho, a igreja primitiva também era formada por vários grupos pequenos, inclusive nas casas.
O capítulo 16 da carta de Paulo aos Romanos contém recomendações e saudações a vários líderes e dirigentes de igrejas que se reuniam em casas, conhecidos e treinados na Ásia, inclusive mulheres. [...] outras citações são feitas na primeira carta de Paulo aos Coríntios (16.19), [...] na carta aos Colossenses (4.15) [...] carta de Paulo a Filemon (v.2) e muitas outras citações. (2010, p.83).
Para Abe Huber (2011) a igreja local, para funcionar nos moldes bíblicos, deve manter os ministérios, “[...] mas ela tem que saber direcionar seus ministérios para ajudar e para abençoar a igreja na casa”.
Ao comentar o capítulo 16 da carta aos Romanos, Huber (2011, p.58) afirma que “[...] Paulo está falando de líderes, homens e mulheres. Tudo indica que é uma lista de igrejas nas casas”.
Havia eventos públicos, mas também reuniões nos lares, que chama de “princípio da multiplicação”, implementando dinamismo e multiplicando o rebanho do Senhor, segundo Stockstill.
A igreja primitiva viu esse princípio em operação e percebeu que “crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos” (At 6.7). E como “todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (At 5.42), houve uma multiplicação rápida e ungida. (2000, p.76).
Com esse modelo de reunião, o Apóstolo Paulo “alvoroçou o mundo”, segundo Atos (17.6), evangelizando e fundando igrejas em toda a Ásia Menor, sendo considerado, até os dias atuais, um dos maiores evangelistas de todos os tempos, senão o maior depois de Jesus Cristo.
O modelo tradicional que usamos para evangelizar, incorporar na igreja os decididos, discipula-los e torná-los líderes, não possui a rapidez e a eficiência necessária para acompanhar o ritmo do avivamento. Teremos que fazer o mesmo que fez Moisés. (STOCKSTILL, 2000, p. 26).

 Células - Parte 2

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KLAI FERREIRA

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